Quarta-feira, 21 de Fevereiro de 2007

Renascimento: Humanismo

Começámos a estudar o Renascimento e aprendemos que o Humanismo é a sua corrente literária. Vimos que uma das características mais importantes desta época é o apego pela Antiguidade Clássica e, a propósito, estudámos uma estância de Os Lusíadas onde procurámos referências a essa idade da História. Foi esta a estância e dissemos, mais ou menos, aquilo que escrevi nas notas:

Cessem do sábio Grego(1) e do Troiano(2)

As navegações grandes(3) que fizeram;

Cale-se de Alexandro(4) e de Trajano(5)

A fama das vitórias que tiveram;

Que eu canto o peito ilustre Lusitano,

A quem Neptuno(6) e Marte(7) obedeceram.

Cesse tudo o que a Musa(8) antiga canta,

Que outro valor mais alto se alevanta.

(1) - Ulisses, cujas aventuras foram narradas por Homero na Odisseia.
 
(2) – Eneias, herói troiano, cujas aventuras foram narradas por Virgílio na Eneida
 
(3) – Terminada a guerra de Tróia, quer Ulisses quer Eneias foram protagonistas de viagens aventurosas: o primeiro, para regressar a Ítaca, ilha de que era rei; o segundo, destruída a sua terra, navegaria pelo Mediterrâneo até se fixar em Itália.  Rómulo, seu descendente, será o fundador mitológico de Roma. A Odisseia e a Eneida são duas epopeias. A epopeia (poema heróico) é um género literário inventado pelos gregos.
 
(4) – Alexandre Magno que, no séc. IV a.C., conquistou um império tão vasto que se estendia da Grécia até ao rio Indo, passando pelo Egipto.
 
(5) – Trajano foi imperador do Império Romano (séc. I- II) e devido às suas conquistas, o Império alcançou as suas fronteiras máximas.
 
(6) – Neptuno é o deus romano dos mares, correspondente ao Poseidon dos gregos.
 
(7) – Marte é o deus romano da guerra, correspondente ao Ares dos gregos.
 
(8) – As musas eram, na mitologia clássica, as divindades inspiradoras dos poetas. Aqui, musa equivale a dizer poesia.

 
Em resumo: ao escrever uma epopeia, Camões está a recuperar um género literário clássico e ao referir heróis e deuses Antigos presta homenagem a esses tempos.
Quem lê Os Lusíadas, do princípio ao fim, dá-se conta do saber enciclopédico de Camões. Ora, esse gosto pelo saber - por tudo saber - é outra característica essencial do humanista.
 
 
Proposta 1 - Procura as marcas de classicismo presentes nesta outra estância de Os Lusíadas:
 
Quando os Deuses no Olimpo luminoso,
Onde o governo está da humana gente,
Se ajuntaram em concílio glorioso,
Sobre as cousas futuras do Oriente.
Pisando o cristalino Céu fermoso,
Vem pela Via Láctea juntamente,
Convocados, da parte do Tonante,
Pelo neto gentil do velho Atlante.
Proposta 2 - O soneto que se segue, também de Camões, revela inspiração da filosofia de Platão. Porquê?
Transforma-se o amor na cousa amada
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
 
Se nela está minha alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
pois consigo tal alma está liada.
 
Mas esta linda e pura semideia,
que, como um acidente em seu sujeito,
assi co a alma minha se conforma,
 
está no pensamento como ideia;
[e] o vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma.
O segundo exercício não é nada fácil! Qualquer dúvida na interpretação, já se sabe, é só perguntar. Bom trabalho.
Nota: se queres saber um pouco mais sobre Camões podes pesquisar aqui (basta clicar).
 
Fátima Stocker
 
 
 
sinto-me:
publicado por asergio às 17:28
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11 comentários:
De Nelson Moura a 1 de Março de 2007 às 21:05
Não sei se é bobo ou não, mas eu preciso falar que algumas das funções e mesmo as explicações que são dadas sobre as mesmas na parte "ajuda" são impossíveis de entender para quem não conhece...
LOL
De asergio a 2 de Março de 2007 às 11:10
Nelson: essa do bobo quem não entendeu fui eu! Também não percebi a que "funções" te referes.

Responde:
1 - depois de descrever a "alegoria da caverna", a que conclusão chegou Platão sobre qual é o verdadeiro mundo?

2 - vês, no soneto de Camões, algo que te lembre a conclusão de Platão?

O caminho é esse, entendes agora, Nelson?

Quanto ao "quem não conhece" que referes no fim do teu texto, seria importante que, na aula, depois da minha explicação, dissesses que não compreendeste.

Bom trabalho

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